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Architecture & Design
MADRID
HÉCTOR RUIZ VELÁZQUEZ É UM ARQUITETO DE ORIGEM PORTO-RIQUENHA CONHECIDO POR SUA ABORDAGEM INOVADORA E SUSTENTÁVEL. EM SEU PROJETO HOTEL CEVISAMA, ELE CELEBRA A CERÂMICA COMO UM SÍMBOLO DAS TRADIÇÕES MEDITERRÂNEAS, CRIANDO UMA ATMOSFERA SENSORIAL ÚNICA AO COMBINAR FORMAS ORGÂNICAS E GEOMÉTRICAS PARA OFERECER UMA EXPERIÊNCIA IMERSIVA.
Apaixonante, criativa, prazerosa e bem-sucedida. Platão associava a experiência ao que é discutível e mutável, não ao que é permanente. Esse conceito de dinamismo na disciplina da arquitetura é o que me motiva a criar e buscar novas formas da matéria em cada projeto. O mundo sensível de que falava o filósofo refere-se ao que é percebido pelos sentidos e é considerado uma cópia imperfeita do mundo inteligível. De algum modo, seguir buscando a perfeição em todas as coisas é algo que me motiva.
A busca pela experiência dos sentidos, em primeiro lugar, a minha própria, é um pilar importante para mim. É por meio do meu percurso que posso interpretar em cada trabalho uma nova materialidade possível. Mantendo também em um lugar prioritário a vocação de serviço que a arquitetura tem para com a sociedade. E um pilar importante também é conseguir manter duas perspectivas unidas, a do projeto individual, mas com uma visão da conexão global de nossos tempos.
A ideia surgiu de um lado da vocação de serviço de que falei antes, que é o ponto central de setores como o de hospitalidade. E também de honrar o ambiente onde as coisas acontecem. A localização do centro de exposições em um dos principais portos do Mediterrâneo, suas tradições e a cultura cerâmica são a inspiração sensorial buscada na criação do espaço e sua atmosfera, além de evocar experiências e motivação sensorial positiva do usuário por meio da luz, cores, percurso, alturas...
Com geometria essencial traçada, com curvas estrategicamente colocadas no plano, com materiais cerâmicos envolvendo paredes e pisos. Cada detalhe arquitetônico tem um motivo, e foi buscado criar um conceito de transição na espacialidade, o que permite criar como uma espécie de fotogramas, que juntos formam uma cena. Criar essas sequências, que têm identidade própria em cada ângulo e detalhe, permite que o visitante se conecte com o que ressoa com ele. Não é um discurso estético fechado, mas aberto, e em cada canto pode conter uma história.
Aproveitando a versatilidade do material para aplicá-lo em diversas soluções arquitetônicas, essa continuidade integra a cerâmica ao conceito de design fluido. Sobretudo, em tudo que se refere às suas qualidades e características de impermeabilidade. Também tentamos dar protagonismo especial ao produto no design total do espaço, de modo que o que o espaço quer transmitir se conecta com a imagem e estética do material.
No mobiliário de um espaço público como se propõe ser esse, não apenas porque está na feira, mas pelo que ele emula, quisemos ressaltar o sentido de cada peça. Mais do que decoração, buscamos que o design de cada elemento contenha o conceito que o espaço transmite. O mobiliário e os objetos devem refletir o sentido do design. Por isso, cada peça foi cuidadosamente escolhida para se destacar por si mesma e se encaixar na atmosfera que criamos juntos. Não são exigências fáceis, mas são indispensáveis para o nosso conceito de arquitetura de espaços. Sem dúvida, isso é uma das marcas registradas do nosso escritório, a busca por esses elementos imprescindíveis para finalizar o projeto como gostamos.
Gostaria que fosse percebido como o conceito de refúgio arquitetônico para o prazer que buscamos criar, também como um espaço visionário com foco no humano. Este projeto de hospitalidade quer recuperar o valor do ritual de acolhimento, de boas-vindas, do serviço, e centrar a experiência de hospedagem como se o espaço fosse o elemento que dá sentido ao papel do anfitrião.